segunda-feira, 14 de julho de 2008

Olho. Sozinho no meio.

Sento o corpo já cansado da azáfama que se prolonga à vários dias e nesta mesa com duas cadeiras vazias, e uma ao meu lado desenquadrada de tudo o resto, olho as pessoas: Cruzo o olhar com as que passam por mim, atento os movimentos das que vão ao longe, oiço os bebés que choram, as pessoas a falar entre si, a falar ao telemóvel…

Seja qual for o sentido em que olho vejo sempre alguém, reparo na indumentária e vejo calças, saias curtas, bermudas, saltos altos, duas, três malas, casacos, decotes, ténis, cores várias… Vejo gordos e magros, bonitos e feios, e os mais ou menos também… Brancos, castanhos e amarelos… Estou perante uma selva de diversidade animal e observo os seus comportamentos, isto por que eu, sou eu. Não faço parte da selva que olho, embora rodeado por todas as direcções, sinto-me isolado, só… Sinto-me o centro imóvel por onde toda a vida passa e apenas isso. Passa, deixa-me a sua impressão e não me leva com ela.

Enquanto olho os dedos que apontam, os óculos que se ajeitam e as blusas e os cabelos também, assim como as mãos dadas, os sacos balançados, os sorrisos e o cheiro a comida que por mim passa, não penso na minha individualidade, no facto de ter milhares de pessoas à minha volta e me sentir só – Uma rapariga que se sentara a alguns minutos à minha frente, noutra mesa, também ela sozinha, acabou de receber companhia, e resta apenas uma cadeira que esta preenchida pelos sacos e as malas… – mesmo mantendo por breves segundos o contacto visual com algumas.

A música está nos altifalantes em todo o espaço: Será que sou o único a ouvi-la, o único a prestar-lhe atenção? Talvez seja, pois tudo o resto mantém um ritmo constante que não permite despertar todos os sentidos de uma só vez, ou não permitem inconscientemente que todos funcionem na sua amplitude máxima. Atenção, não existe a minuciosidade de reparar nos pormenores, só alguém que pare no meio desta passadeira rolante é que consegue ouvir a musica, reparar no ar cansado das funcionários, nos rostos preocupados e nas publicidades a mudarem nos ecrãs… - Estranhamente vejo um senhor a andar vagarosamente, quase como que a tentar atentar em tudo, quando me apercebo que estava acompanhado de outro senhor que vinha em muletas. – Hoje sou sozinho, mais uma vez, e embora não faça parte da passadeira rolante e pareça um pilar do edifício, nas próximas vezes, quando acompanhado regressar, voltarei a ser mais um que acrescentará variedade à selva daqueles que são os centros comerciais.

Este texto foge um pouco ao humor, será apenas uma reflexão medíocre, vá lá, mas decidi não criar outro blog e juntá-lo apenas aqui, por que continua a ser uma irregularidade, um antónimo coexistente!

2 comentários:

Premio Blog disse...

Vejo que gosta de assustos relacionados a mídia. Pensei em convidar-te a ser um dos jurados do Premio Blog de TV e música hospedado em:

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Desde já agradeço!

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patrícia disse...

colega bicho tiago, lembraste de mim? meti-me contigo ontem à noite na festa do bicho. ahah andei a passear pelos teus blogs. gostei muito do que li. nao cheguei a agradecer o cometário que deixaste no meu. :) obrigado! beijinho, espero que gostes de évora. ahah

p.s- só para saberes..sou amiga da cátia (bicho tá calado, que tem um piercing na lingua e cabelo encaracolado), do teu curso.